É garoto de temperamento arisco; humor ácido - destila críticas sem que o peçam, ferino, de pouquíssimas papas na língua. Gosta do perigo, é verdade, e não se satisfaz até que possa experimentar um pouco de caos a cada bom dia. Briguento demais para alguém tão baixinho. Um metro e sessenta e dois de cinismo bruto. Raros são os que prezam por sua companhia. Ele sabe ser inconveniente, e quando quer - o tempo inteiro - está ali para tornar a situação ainda pior.

Mas nem sempre foi assim, acredite. Eliot já foi doce algum dia, e as adversidades da vida de um semideus tornaram esta doçura em azedume. Perdeu a mãe, os amigos, e toda uma carreira olímpica. Hoje vive largado, sem eira ou beira, aqui e acolá, incerto do futuro que cada vez se abre sombrio à sua frente. Odeia, odeia, odeia - odeia mesmo, de verdade - a vida que tem. Infelizmente, é a única que resta.

Costuma optar sempre pelo fácil, por mais imprudente que possa ser. O caminho curto, o lugar mais próximo, o prato mais barato. Não quer mais se esforçar - e não sente vontade. Às vezes, nem pensa que sobrevive. Talvez esteja só esperando a morte. Uma próxima vida pela qual reza que seja melhor que esta. O que estiver ao alcance para tornar a transição mais rápida, ele faz. Suícida, ou apenas cansado de ter que estar sempre alerta a todo o instante. De não poder tomar fôlego.

Não faz a linha herói. Tampouco vilão. Eliot é apenas um figurante no cenário - um figurante memorável, apesar do pesares. É injusto e não confiável, mas também é destemido e perspicaz. Mesquinho e superficial, mas também indulgente e centrado. Se este é o início de uma guerra, ele vai para a linha de frente - não tem medo de ser o primeiro a cair, mas sim de ser o último a levantar.

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